Visita de estudo: 21 de novembro de 2017 (12ºB3, 12ºC1 e 12ºD3)
JORGE PINHEIRO: D’après Fibonacci e as coisas lá fora
Local: MUSEU DE SERRALVES
de 15 SET 2017 a 07 JAN 2018
Um projeto de Cabrita Reis com Jorge Pinheiro
“D’après Fibonacci e as coisas lá fora” reúne pinturas, desenhos e esculturas do influente artista português Jorge Pinheiro (Coimbra, 1931). Baseada numa ideia de Cabrita Reis a convite de Suzanne Cotter, Diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a exposição será apresentada com desenho de instalação concebido pelo arquiteto Eduardo Souto Moura, Prémio Pritzker Prize 2011. A mostra dá sequência ao programa dedicado à obra de artistas relevantes do século XX desconhecida ainda de um público alargado fora de Portugal.
O diálogo estreito entre Jorge Pinheiro e Cabrita Reis conduziu à seleção de 80 obras datadas de períodos específicos do percurso de Pinheiro, desde os anos 1960 até ao presente, nos quais a pintura figurativa e as linguagens da arte concreta e da abstração concetual coincidem. A exposição inclui ainda uma nova escultura produzida especialmente para a exposição e o contexto da arquitetura do Museu, da autoria de Álvaro Siza. O catálogo que acompanha a exposição reproduz, além das obras expostas em Serralves, os cerca de 90 desenhos que integram uma exposição simultânea na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, contextualizadas por uma entrevista de Jorge Pinheiro conduzida por Cabrita Reis e um ensaio do poeta e crítico de arte João Miguel Fernandes Jorge.
As primeiras pinturas de Jorge Pinheiro – contemporâneas dos estudos em Pintura que concluiu em 1963, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde estudavam também os arquitetos que viriam a integrar a chamada “Escola do Porto” – caracterizavam-se por uma figuração de pendor realista e um imaginário fértil em alusões ao panorama sociocultural de Portugal à época. Em composições fechadas e através de uma paleta restrita, as figuras e os espaços dessas obras iniciais refletem os silêncios e abandonos de um país subjugado pela ditadura.
Em 1966, e graças a uma bolsa da Fundação Gulbenkian, Jorge Pinheiro realiza uma viagem pela Europa que se viria a revelar fundamental para a inflexão do seu trabalho no sentido da abstração geométrica. Influenciado pelas pesquisas da Abstraccion-Création, pelas propostas da arte concreta, da shaped canvas e, particularmente, pelo pensamento estruturalista, Pinheiro expandiu o seu vocabulário formal e privilegiou, na pintura, no desenho e na escultura, a mecânica das chamadas “formas da expressão”, entendidas como os constituintes basilares da perceção visual.
No início da década de 1970, à presença de modulações geométricas e padrões de alto contraste cromático junta-se uma muito aturada exploração das noções de ritmo e de serialidade, cuja formalização evidencia o interesse do artista pelas áreas da música e do número, em particular pelo dodecafonismo de Schönberg e a série de Fibonacci.
Na viragem para os anos 1980, recuperando o espírito de comentário social, político e cultural das suas primeiras obras, desta feita complementado pelas mais diversas citações da história da pintura, Jorge Pinheiro volta a abraçar plenamente a figuração em telas cujo cunho pós-moderno antecipa e radicaliza alguns dos desenvolvimentos internacionais da década. A segunda década do presente século marca o regresso de Pinheiro à abstração da música e do número.
“Jorge Pinheiro: D´Apres Fibonacci e As Coisas Lá Fora” foi organizada em parceria com a Fundação Carmona e Costa, Lisboa.